quarta-feira, 20 de abril de 2011

Eutanásia

Desliguem os aparelhos, tirem os tubos. Podem levar. 
Precisamos de espaço para novos doentes. 
Não me olhem assim. Vou eu mesma dar a noticia a família. 
-Olá, vocês são os parentes da menina...é deixe-me ver o nome dela...Oh! Sim, lamento informa-los, ela morreu. 
Não segurem no meu jaleco. Implacável. Descartável. Temos seringas por toda parte. Tentamos conter o sangramento.  Pelos dentes. Acho que foi hemorragia. Interna. Não sobreviveria. 
A família quer saber o motivo, o motivo real, porque desligamos os aparelhos. Vou mentir. Omitir. Até o fim. Fim. Foi enterrada hoje. Demos fim a sua dor. Inicio a da família. Fiz o que pude. 

-Podem desligar os meus aparelhos. Tirem os tubos.- Dê inicio a minha dor. Fim a da minha família. 

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Lobisomem Loiro

-Você não percebe? Tire suas mãos de mim, esta me cortando. 
- Eu posso te dar umas ataduras e te costurar. 
-Não fale comigo, esta me aleijando.
-Eu posso comprar uma cadeira de rodas e te empurrar.
Não me olhe, você esta me assustando.
-Eu posso te dar uma venda, eu posso te ninar.
-Não, não encoste, não toque, você vai me matar. 
-Eu posso comprar um caixão, podemos deitar.
-Não, não me olhe, não se aproxime, eu vou gritar.
-Eu posso pegar uma água, quer se acalmar? 
-Não, porque não vais? Porque não me deixas descansar?  
-Sou o lobisomem loiro querida, estou aqui pra te levar.