quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

"Incapazes de guardar nossas mãos limpas e nossos corações intactos, manchamo-nos com o contato de suores estranhos, arrastamo-nos sedentos de asco e fervoroso de pestilência na lama unânime. E quando sonhamos com mares convertidos em benta é tarde demais para mergulharmos neles. O mundo infectou nossa solidão. As impressões dos outros em nós mesmos se fazem indelegiveis."
Cioran

terça-feira, 21 de dezembro de 2010


Agora você nunca verá
O que você fez comigo
Você pode pegar todas suas lembranças
Elas não me fazem bem nenhum
E aqui estão todas suas mentiras,
Você pode olhar nos meus olhos
Com o triste, triste olhar que você faz tão bem.  

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010


Neste mês começa o ano de novo, e eu queria abraçar-te. 
Mas tudo é inútil: eu e tu sabemos que é inútil que o ano comece.  
Cecilia Meireles.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

"...Meu verso é sangue, volúpia ardente, trsiteza esparsa... remorso vão.
Dói-me nas veias. 
Amargo e quente, cai gota a gota do coração. 
E nestes versos de angústia rouca, assim dos lábios a vida corre, deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre."
Manuel Bandeira.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010


Eu não tinha esse rosto de hoje, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem lábio amargo, eu não tinha estas mãos, sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha esse coração, que nem mesmo se mostra. 
 

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Espero que guarde alguma lembrança minha.
Eu, por minha parte, prefiro renunciar
Vá embora, porque quero que escape deste inferno
Não posso pactuar com sangue nosso final.


Eu não posso continuar com este jogo
Não quero morrer de novo mil vezes.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

After


Depois de nós dois não haverá (Nem uma palavra)
Já nada restará (Só uma lágrima)
Depois de morrer por você (E ressuscitar)
Já nada resta,
Já nada nos resta
Prefiro morrer de amor (Do que viver assim)
Queria morrer de amor (Do que seguir)
Agonizando entre seus braços.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010



Bem, nunca pensei que chegaríamos a esse ponto
Deveria ter fugido
Há muito, muito tempo atrás!
Nunca pensei que duvidaria de você,
Estou melhor sem você
Mais do que você, mais do que você sabe
Devagar estou encerrando isto.
Acho que realmente acabou.
Estou finalmente ficando melhor.
Agora estou juntando os pedaços,
Estou passando todos esses anos
Colocando meu coração de volta no lugar.
Porque o dia que eu achei que eu nunca superaria
Eu te esqueci!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Entorpecente

Uma pílula por vez. Calma. Respire. Tudo de uma vez não. Maldição cospe isso, você já tomou de mais. Vamos dormir.
Sua maldita volte aqui. Onde esta o meu remédio? Sua mentirosa trate de cuspir as verdades, as minhas verdades que você engoliu.
Trate de engolir, engula as verdades que você cuspiu.

RÁ-TIM-BUM

Meu corpo é um eterno castelo, minha alma sera sempre o mero personagem que chora, que ri, brinca, corre; mal sabe ela que está presa as minhas paredes escuras e amaldiçoadas para sempre.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Viver como vivia não era viver de fato. Tudo em mim, sobretudoos meus gestos passivos diante da dor
e do infortunio, apontava para um fim árido, um curso doente, um sentido reto de mais, uma perda.
Nem o suicidio me colocaria em sensata evidencia. Minha vida tinha mesmo o gosto de medicamentos de vacina. 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Nos dias que se seguiram nada de muito especial aconteceu. A vida não ganha de repente ilusões que nunca teve. Seria preciso que nascesse de novo para de novo tecer desejos e noções de felicidade. O máximo que pode acontecer á vida é de repente arder. Mais ai então já não é mais vida, é a morte. O fogo da vida é o chamado da morte.


M. Gallo 

sábado, 9 de outubro de 2010

Em Uma noite enluarada a sombra se virou para o seu desprezível dono, ergueu as suas mãos cinzenta até ele. Colocou o seu dono ao seu lado para pensar o que deveria ser feito.
O Dono com a alma paralisada, disse quase sem voz:
-Não tenho medo de você – e abaixou a cabeça apreensivo e se calou.
A sombra então, tocou-lhe a face e sussurrou em seu ouvido:
-Tema-me querido, pois eu sou a morte - depois deu um sorriso doente e se calou.
O dono reuniu o que lhe restava de coragem fechou os olhos, apertando-os até  que conseguisse respirar novamente e gaguejou:
- Eu não tenho medo de você... – A sombra parou o movimento que fazia com as mãos, abandonando o pensamento antigo, olhou para o seu desprezível dono, com seus olhos de vidro derretido por uma chama de fogo eterna e transparente, tão profundos que se enxergava o outro lado, deu uma gargalhada com um cheiro que lembrava éter, cheiro de éter no ar nunca é um bom sinal. Agarrou o rosto do seu pobre dono com desdém, se aproximou e sussurrou em seu ouvido:
-Pois então tema-me querido, porque eu sou a morte, e vou tirar isso que você chama de vida em uma única maldita respiração.
Retomou o antigo raciocínio e sorriu, afinal a morte não é o pior que se pode oferecer ao um ser humano, pelo menos não naquele momento.
Suspirou e por fim sorriu...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vulgo: Cinderela.

"Que mundo hein, em um segundo, me confundo com a dama e o vagabundo, é sempre assim o fim do quadro. É quando o sapato vai ficando apertado,
e o vestido pega dos lados, é o fim do sonho encantado. De princesa pra rainha, de beleza adivinha,
se não é a experiência e a inteligência que fica, Sabedoria rica, por favor me explica,o que o ataque da corrosão do tempo não danifica
Aparentemente a mente nem se cogita, mas o corpo fica gordo, em troca da filha bonita.
Nessa altura a vida fica dura e muito mais sofrida, e isso multiplica quando não tem pai pras suas filhas.
Que educa na luta mesmo com jornada dupla,na raça abraça tanta desgraça que acostuma. Solteiras, separadas, traídas, viúvas,
mães que derramam suor como a chuva."

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Danilo

Tu amarás outras mulheres
E tu me esquecerás!
É tão cruel, mas é a vida.
E no entretanto
Alguma coisa em ti pertence-me!
Em mim alguma coisa és tu.
O lado espiritual do nosso amor
Nos marcou para sempre.
Oh, vem em pensamento nos meus braços!
Que eu te afeiçoe e acaricie...

Não sei porque te falo assim de coisas que não são.
Esta noite, de súbito, um aperto
De coração tão vivo e lancinante
Tive ao pensar numa separação!
Não sei que tenho, tão ansiosa e sem motivo.
Queria ver-te... estar ao pé de ti...
Cruel volúpia e profunda ternura dilaceram-me!

É como uma corrida, em minhas veias,
De fúrias e de santas para a ponta dos meus dedos
Que queriam tomar tua cabeça amada,
Afagar tua fronte e teus cabelos,
Prender-te a mim por que jamais tu me escapasses!

Oh, quisera não ser tão voluptuosa!
E todavia
Quanta delícia ao nosso amor traz a volúpia!
Mas faz sofrer... inquieta...
Ah, com que poderei contentá-la, jamais?
Quisera calmá-la na música...
Ouvir muito, ouvir muito...
Sinto-me terna... e sou cruel e melancólica!

Possui-me como sou na ampla noite pressaga!
Sente o inefável!
Guarda apenas a ventura
Do meu desejo ardendo a sós
Na treva imensa...
Ah, se eu ouvisse a tua voz!

                        
                                                                 A vigília de Hero -   Manuel Bandeira

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Este infinito amor de um ano faz 
Que é maior do que o tempo e do que tudo 
Este amor que é real e que , contudo 
Eu ja não cria que existisse mais .

Este amor que surgiu inesperado 
E que dentro do drama fez-se em paz 
Este amor que é o túmolo onde jaz 
Meu corpo pra sempre sepultado.

Este amor meu é como um rio ; um rio
Noturno , e terminavel e tardio 
A deslizar macio pelo ermo...
E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva 
Para o espaço sem fim de um mar sem termo. 

(J. Olympio)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Quando hoje acordei , ainda fazia escuro
(Embora a manhã estivesse avançada)
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite .
Então me levantei ,
Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente , acendi um cigarro e fiquei pensando...
-Humildemente pensando na vida e nos homens que amei.


(Aguilar)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

"Fungue comprimidamente.
- Não faz mal, eu vou matar ele.

- Que é isso menino, matares teu pai?
- Vou, sim. Eu já até que comecei. Matar não quer dizer a gente pegar o revólver de Buck Jones e fazer bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu."

- Mateus Bernstein

terça-feira, 6 de julho de 2010

Amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada .


Cadê os cheiros novos? Os sabores novos? As pessoas novas? Os lugares novos?
E uma eu nova? Seria possível?
Quantas interrogações! Acabo de achar uma exclamação! Opa, era só pra ilustrar a certeza de que eu não tenho certeza sobre nada.


sábado, 26 de junho de 2010

Meu eterno, Matheus.


"- Às vezes eu queria ser assim igual a você!
- Assim como?
- Com esse jeito frio, fechado de ser, sem se importar nem um pouco com as pessoas que não estejam extremamente próximas. Pra falar a verdade, eu me acho é tola, boba, sei lá, por gostar tanto de tanta gente assim, praticamente sem motivo... e depois sempre acabar me magoando com elas, sabe?
- O que tu guarda aí dentro é coisa rara, valiosa, guria. Tu tem o coração mais lindo que eu já vi no mundo. Não é culpa tua quando gente ruim rouba-o de ti e acaba deixando quebrar justamente por não saber como cuidar dele como você cuida dos corações podres dos outros.

Coração podre de gente ruim, assim como o meu - pensei. "

{- Mateus Bernstein}