quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Pudera eu viver sem coração


Você sabe o que eu quero Ana - Caio sorriu e saiu correndo dela. - Volta aqui. 

Os dois cansaram da brincadeira se sentaram no chão e começaram a rir. A respiração ainda ofegante impedia que eles falassem muito. 
-Eu es-estou fican-ficando fraca de tanto correr, vamos tomar um café em uma lanchonete que eu conheço aqui perto. - Disse Ana recobrando o fôlego e ainda gaguejando. 
Os dois se levantaram e andaram em direção a lanchonete. 

Caio era um menino novo na cidade, Ana mal o conhecia e já sonhava com ele todas as noites. Fantasias, tesão encapuzado, não sabia se era sede, fome, calor, frio, era tesão, Ana. Mas ela não sabia só tinha quinze anos. Eles se encontraram umas duas vezes e o Caio veio falar com ela. Ana como qualquer menina de quinze anos: previsível e influenciavel. Caio como qualquer homem de trinta e cinco anos: experiente e imprevisível. 

Tomaram um café na lanchonete, conversaram bastante e no final do dia, com  o mundo cor de abóbora, o céu começa a jogar um pouco de sua raiva na terra. 
- A chuva vai ficar mais forte Ana quer ir até a minha casa? - Disse Caio tirando a blusa e jogando nos ombros de Ana. 
-Não sei se devo, é que eu... -Vamos logo, ou quer ficar ai na chuva? 
Os dois foram embora da lanchonete não fazia escuro ainda. Andaram, andaram, andaram, andaram e chegaram em uma casinha amarela com os portões brancos. - Essa é a sua casa? - disse Ana sorrindo. 
-Sim. - disse Caio abrindo a porta. 
-Onde estão os seus pais? - Caio demorou pra responder. (Eu não tenho pais, Ana. Não tenho ninguém, somos só você, eu e...) - Devem ter saído eu fui te ver e eles estavam em casa. -Senta, Ana, eu vou até a cozinha pegar um chá e depois umas roupas secas pra você não se resfriar. 

"Parece ate mentira, eu Ana, com um príncipe desses." -Ana? - disse Caio entrando na sala com roupas, uma toalha e chá. 
-Desculpa , eu só estava pensando alto. - Ana pegou as roupas (uma camiseta masculinas, dessas de botão e um chinelo. ) tirou as roupas molhadas ali mesmo, na sala, na frente dele e lhe entregou  as roupas molhadas enquanto vestia uma camisa que aparentava ser dele. Tomou o chá parceladamente enquanto viam desenho animado. 
Já fazia escuro e a Ana resolveu ficar por lá mesmo. 
-Onde estão os seus pais Caio? - disse Ana se jogando no sofá. 
-Não sei eles deveriam ter voltado. (Não tenho pais, Ana. Não tenho ninguém, somos só você, eu e a minha fome, tenho fome da sua pele, Ana.) -Caio pega a mão de Ana e vai guiando ela ate o quarto -Aqui, aqui é onde você vai passar a noite eu tô indo dormir no sofá. Boa noite Aninha. - Caio beija Ana deliberadamente e sai. 
-Não precisa dormir no sofá Caio, você pode vir dormir aqui...comigo. -Ana sorri astuciosamente e puxa Caio pra dentro do quarto. 

Eles não fazem nada a noite toda, não se falam, nem se tocam, eles(ela) achavam engraçado o modo como estavam deitados na cama. Ana por fim adormece e Caio levanta bem devagar da cama. 
Ele vai até a cozinha pega algumas facas e álcool. 
-Oi Ana. - Disse Caio entrando no quarto rindo. 
-Caio o que é isso na sua mão? -Ana grita apavorada - Caio eu quero ir pra casa. -Ela começa a gaguejar -Caio o que você vai fazer? Você disse que gostava de mim. 
-Você vai pra casa Ana, e eu não gosto de você, eu gosto dessa sua pele magra e gorda ao mesmo tempo. -Caio suspende as facas e abre  um caminho em Ana, se livrando de tudo o que era pano, de tudo o que era pele, de tudo que era humano. -Pronto Ana agora você vai pra casa. 

E sai Caio triunfante, em busca de outra Ana.