sábado, 9 de outubro de 2010

Em Uma noite enluarada a sombra se virou para o seu desprezível dono, ergueu as suas mãos cinzenta até ele. Colocou o seu dono ao seu lado para pensar o que deveria ser feito.
O Dono com a alma paralisada, disse quase sem voz:
-Não tenho medo de você – e abaixou a cabeça apreensivo e se calou.
A sombra então, tocou-lhe a face e sussurrou em seu ouvido:
-Tema-me querido, pois eu sou a morte - depois deu um sorriso doente e se calou.
O dono reuniu o que lhe restava de coragem fechou os olhos, apertando-os até  que conseguisse respirar novamente e gaguejou:
- Eu não tenho medo de você... – A sombra parou o movimento que fazia com as mãos, abandonando o pensamento antigo, olhou para o seu desprezível dono, com seus olhos de vidro derretido por uma chama de fogo eterna e transparente, tão profundos que se enxergava o outro lado, deu uma gargalhada com um cheiro que lembrava éter, cheiro de éter no ar nunca é um bom sinal. Agarrou o rosto do seu pobre dono com desdém, se aproximou e sussurrou em seu ouvido:
-Pois então tema-me querido, porque eu sou a morte, e vou tirar isso que você chama de vida em uma única maldita respiração.
Retomou o antigo raciocínio e sorriu, afinal a morte não é o pior que se pode oferecer ao um ser humano, pelo menos não naquele momento.
Suspirou e por fim sorriu...

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