domingo, 8 de abril de 2012

A(maria)

-Nasceu! -Exclamava o médico. 
-A sua filha nasceu!
O médico encostou um corpinho pálido no colo da mãe.
-Escute, escute o coraçãozinho dela.
E a mãe dobrou-se para escutar. Franziu a testa.
-Mas doutor, aqui nada bate.
-A sua filha está viva, senhora.-E realmente estava, só não chorava. -Se esforce mais.
-Doutor, a minha criança não tem batimentos, ela não...
Os enfermeiros a pegaram no colo, ela não batia de fato.
Levaram-na para a sala cirúrgica. Abriram o pequeno corpinho murcho. Ela tinha crânio e veias, artérias, o sangue circulava. Tinha estômago, pâncreas. Digeria. Mas o coração não estava no lá. O caso foi considerado como incrível. Teve alta. Cresceu. Normal. Digeria. Pensava. O sangue passeava em em larga escala dentro dela. Nada palpitava nem ardia.
Maria então encontra a Paixão. Não dentro dela, pois não tinha como conceber. Encontrou a Paixão, uma moça bonita. Maria ardeu. Até que um dia pegaram fogo. Ao acordar ao lado da Paixão ela sentiu pela primeira vez algo pulsar. Demais. Maria incendiou.
Quando foram sepulta-la, não encontraram nem crânio, nem pés, nem mão, só coração.

2 comentários:

  1. Um belo texto, inteligente, bem pensado, gosto de leituras q vão forçando minha imaginação linha a linha, vc realmente me cativou em todos os momentos, gostei acho q vc poetiza merece bjos, bjos e bjossssssssss

    ResponderExcluir
  2. Caramba, que texto legal Bruna! É daqueles interessantes que prendem a nossa atenção até o fim para descobrirmos o final da história.

    Obg pelo elogio lá no meu Blog. É bom saber que as pessoas gostam dos meus textos, pois sei lá, às vezes tenho vontade de parar de escrever e deixar os pensamentos apenas dentro de mim.

    Beijão

    ResponderExcluir