segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Tu


      
                                                            "Olha para mim: tu sabes que eu
                                           Não sou teu discipulo, não sou teu amigo, não sou teu cantor,
                                                                Tu sabes que eu sou Tu.."
                                                                                                Fernando Pessoa

Deus! Tu eras tudo o que eu via, tudo o que eu ouvia, tudo o que eu sentia.
O sujeito, o objeto, o passivo, o ativo.
Tremo, pois observo em todas as coisas, uma parte tua. Tu em todas as coisas.
Tu ave, peixe, homem, mulher.
Tu liberdade, desespero, partida, ida.
Tu liberto, desesperado, partido, ido.
Tu destinatário, remetente.
Tu carimbo em todas as cartas, nome em todos os endereços, mercadoria entregue, devolvida.
Tu comboio de sensações a quilometros por hora, minuto, segundo.
Tu hora
Tu minuto
Tu segundo
Tu segunda-feira
Tu saudades, tu saudoso, tu saúde (tim-tim) e brinde de ano novo.
Tu engenheiro do meu prédio, tu canção do Roberto Carlos.
Tu estranho com quem me bati na rua.
Tu rua, avenida, viaduto. Tu o Paraná inteiro.
Tu olhos vermelhos, tu lágrima caída.
Tu chuva na janela, tu tatuagem na costela.
Este e aquele
Aqui e ali
Em toda parte, Tu.

(E eu morri, temporariamente, de sentir-te.)

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